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01 • a ilha das árvores perdidas

  • Foto do escritor: pri muniz
    pri muniz
  • 2 de dez. de 2023
  • 3 min de leitura

sobre amor, política e árvores que contam histórias


"tudo aqui é ficção: uma mistura de assombro, sonhos, amor, tristeza e imaginação"



a primeira coisa que me chamou atenção foi a capa, mais especificamente a figueira. em seguida, o fato de uma das narradoras da história ser uma árvore - no caso, a própria figueira. sim, uma árvore. confesso que amo um realismo mágico, por isso, a ideia de ter uma árvore como narradora foi bem convincente. no entanto, não demorou muito para eu entender que essa era apenas umas das muitas camadas incríveis desse livro.


ambientado na londres dos anos 2000 e na ilha de chipre, localizada no mediterrâneo, "a ilha das árvores perdidas" narra a história de pessoas, lugares e árvores que se encontram partidos ao meio. de forma habilidosa, elif shafak consegue unir esses fragmentos e nos guiar a uma variedade de conflitos, sobretudo aqueles que dizem respeito ao amor, à política, ao território, à religião e a um dos temas centrais da história: o trauma intergeracional.


localização do chipre e da nicósia, a última capital dividida do mundo: de um lado estão os gregos, do outro, os turcos


"um mapa é uma representação bidimensional com símbolos arbitrários e linhas gravadas que estabelecem quem deve ser nosso inimigo e quem deve ser nosso amigo, quem merece nosso amor e quem merece nosso ódio, e ainda quem merece apenas a nossa indiferença"

 

mas quais as consequências de um amor que nasce em uma ilha atravessada por conflitos étnicos-religiosos?


pensei nisso o tempo todo enquanto acompanhava a história do casal kostas (grego) e defne (turca), de ada, a filha inglesa adolescente que sabe muito pouco sobre as origens dos seus pais, e da figueira, narradora especial que vive com a família, mas que também já viveu tantas outras vidas no chipre.


as consequências são muitas e, por vezes, até difíceis de colocar em palavras, mas acredito que quem melhor ilustra essa questão é a árvore. ao longo da leitura, a figueira nos conta sobre os “anéis das árvores”, camadas que trazem gravadas, além da idade, “experiências de quase morte e cicatrizes não curadas”. penso que este livro também é assim, um acúmulo de anéis e traumas delicadamente sobrepostos.


poderia ficar horas falando sobre como o jeito que elif escreve me pegou e como ela é uma pessoa incrível. sabe quando você se depara com um livro e logo nos primeiros capítulos pensa: “é, vou ter que ler tudo dessa pessoa?” foi exatamente assim que me senti. 🫀


 

elif shafak • the-dots


Elif Shafak é uma escritora turco-britânica. Com dezoito livros publicados, seu trabalho já foi traduzido para 54 idiomas. Doutora em ciência política, ela já lecionou em várias universidades na Turquia, nos Estados Unidos e no Reino Unido. (Harper Collins)


 

para além do livro:

• essa edição lindíssima da TAG

• resenha da Quatro Cinco Um que me fez querer ler o livro

episódio do podcast da TAG que conta mais sobre a autora - que é ativista e já foi processada na Turquia por ser crítica ao governo de extrema direita

• a mesa da Flip "botânicas migrantes”, com Elif e Djaimilia Pereira

SAY YOUR WORD, o podcast da Elif Shafak (sim, a gata é podcaster!)


 


 
 
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